Medicina é vocação.....

A arte de diagnosticar encanta muitos, mas poucos são os escolhidos para essa área tão brilhante e entediante..............

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domingo, 7 de novembro de 2010

Como estudar uma doença

COMO ESTUDAR UMA DOENÇA

Somos o que repetitivamente fazemos, portanto, a excelência não é um feito, mas um hábito - Aristóteles

Ao exame dos livros sobre patologia humana, é possível encontrar formas variadas de exposição em vários aspectos de nosologia. Desse modo, é ideal que o estudante conheça os elementos completos da doença que deseja estudar. Para tanto, é oportuno que ele saiba contemplar com método o que se expõe no texto, para que possa, por meio de outras fontes, complementá-lo com as noções omissas. Em geral, pode-se esquematizar o estudo de uma doença distribuindo-a nos seguintes tópicos.

Título. Enunciar os nomes da doença. O primeiro a ser considerado será o nome enunciado de acordo com sua fisiopatologia e de mais uso no âmbito médico, pelo seu valor lógico. Os epônimos devem ser considerados em merecida valorização daqueles que primaram em seus estudos para esclarecer aspectos patológicos importantes, pelos seus benefícios à humanidade com descobertas e invenções, no caso, correlatas a doenças. Exemplo: Hipertireoidismo; doença de Graves-Basedow.

Conceito. Basicamente declina sua fisiopatologia. Ex.: Meningite é uma inflamação no tecido meníngeo. É comum descrever situações complexas em que há várias doenças, cujo agrupamento forma um quadro básico que se estuda. As anomalias anorretais, como exemplo, apresentam várias formas sob o mesmo título. Para melhor compreensão, convém estudar cada caso de per si. Assim sendo, em lugar de estudar infecção urinária, pode ser mais fácil, se dedicar ao estudo pormenorizado de cada caso possível, ou seja, de acordo com o agente causal e com o órgão afetado. Destarte, estuda-se infecção vesical por Proteus mirabilis, por exemplo.

Terminologia. Definem-se e se expõem os diversos nomes com os quais a doença é designada. Embora quase todas as referências não deem explicações sobre a origem, as questões sobre as denominações da doença, suas impropriedades ou adequações nominativas e outras questões a respeito, é de alto valor que o estudante busque estudos a respeito desse importante item das doenças. Muitos são os nomes inadequados e amplamente usados por desconhecimento de terminologia médica e linguagem médica, um laivo, de fato, que enfeia a medicina. Há doenças com muitos nomes, embora seja ideal que se use um apenas - o mais expressivo, para evitar confundimentos.

Para aclarar os significados dos termos é de considerável importância estudar, mesmo que sucintamente, o próprio vocábulo, sua composição lexical, sua etimologia, seu sentido próprio e outros detalhes, cuja ausência tem levado a usos lamentáveis por desconhecimento desses detalhes. É, portanto, de alta conveniência que esse tópico conste de todos os capítulos sobre doenças

História. Citam-se fatos que ocorreram no passado. Todas as doenças têm história, em que são relatados os primeiros casos descritos suas datas e seus pesquisadores dos quais se originam os epônimos. O nome “histórico” é muito usado, o que lhe dá plena legitimidade de uso, mas pode ser questionável, pois se trata de um adjetivo em seu sentido próprio, ou seja, é preciso tecnicamente relacioná-lo com o substantivo a que se refere, e esse evento enfraquece seu sentido de significação. É de grande importância conhecer a história de uma doença para que condutas errôneas feitas no passado, não se repitam no presente. Ocorrem também, às vezes, novidades chamadas “de cabelos brancos”, isto é, velhos procedimentos que ressurgem como novidades. Aconselha-se ao estudante, adquirir e ler obras históricas sobre as doenças e livros antigos geralmente disponíveis nas livrarias de livros usados ou livraria de sebo.

Epidemiologia. Como o próprio termo indica é o estudo dos fatos epidêmicos da doença, sua distribuição regional, suas taxas de frequência, de prevalência nas comunidades, com enfoque específico e geral. Sexo, etnia, idade, fatores de risco, clima e outros elementos serão especificados.

Anatomofisiopatologia. Aqui se estudam as transformações sofridas pelos órgãos atingidos pela doença no contexto de sua morfologia anatômica e em seu funcionamento ou sua fisiologia. Aqui, cabe acrescentar as associações mais comuns com outras doenças. Nesse tópico, são mencionadas as várias formas de uma mesma doença, ou seja, desde as mais brandas às mais graves. Essas fases levam a classificações que indicam gradações, como refluxos vesicureterais de grau I a grau IV, lugar da doença em um mesmo órgão ou sistema, como dilatações de vias biliares ou atresia de vias biliares.

Etiologia. Secção em que se estudam os agentes causais da doença seja exógenos (micro-organismos, agentes químicos ou físicos), seja endógenos (distúrbios genéticos, idiossincrasias). O termo etiologia significa estudo (do grego logos, estudo, discurso) da causa (do grego aitía,as, causa, motivo). Assim é questionável usar preferencialmente ou mesmo habitualmente etiologia como sinônimo de causa ou agente causal. Como todas as doenças conhecidas têm estudos sobre os agentes causais, mesmo quando só constem hipóteses, o termo etiologia desconhecida é também questionável quando usado em lugar de causa desconhecida ou agente causal desconhecido.

Profilaxia. Parte do estudo que se ocupa das medidas adequadas para não contrair a doença, como cuidados de higienização, atividades físicas, alimentação adequada, vacinações, prevenções contra acidentes, bem as empregadas para prevenir complicações das doenças, inclusas as relacionadas ao próprio tratamento. Do latim pro, a favor, e phylaktós, do verbo phylásso, guardar, proteger.

Diagnóstico. Parte em que se estudam as manifestações da doença. Os sintomas são colhidos e analisados por meio da anamnese. Os sinais, por meio do exame físico. Ambos compõem o quadro clínico. Os exames complementares constituem toda a parte que indica ou auxilia os examinadores a formar diagnósticos por meio de instrumentos e aparelhos de diversas naturezas, no meio laboratorial, no âmbito de estudos de imagens, bem como recursos cirúrgicos, histopatológicos, e mesmo necropsia. Assim, basicamente, os diagnósticos são realizados pelo quadro clínico (anamnese e exame físico) e exames complementares (laboratoriais, imaginológicos, cirúrgicos, histopatológicos e necrópticos).

É oportuno acrescentar que diagnóstico não é o mesmo que doença, visto como esta é a realidade independente do reconhecimento do observador e aquele retrata uma conclusão subjetiva e que pode não corresponder à realidade. Aqui também importa acrescer que a denominação diagnose é mais adequada, em lugar do adjetivo prognóstico. Contudo, a lei do uso contempla favoravelmente o último termo, mas sua exclusividade de uso é contrária aos cânones gramaticais de rigor.

No estudo do diagnóstico, surge um conjunto de possibilidades concorrentes e é necessário constar considerações sobre os diagnósticos diferenciais. Em grande parte, importa apenas analisar duas ou três possibilidades mais comumente observadas, com suas possíveis indicações para os discernimentos.

Tratamento. Conjunto de meios empregados para curar, controlar, paliar ou aliviar sintomas da doença. Aqui também devem ser aplicadas as medidas necessárias para evitar complicações da doença e as decorrentes do próprio tratamento. Os tratamentos são geralmente tidos como clínicos ou cirúrgicos. Costuma-se juntar ao sistema de tratamento cirúrgico muitos dos cuidados pré, trans e pós-operatórios, como reposição hidreletrolítica, administrações medicamentosas, métodos de assepsia e antissepsia, embora o tratamento, por si, indique os métodos de intervenção instrumental por meio de técnicas cirúrgicas aplicadas no paciente.

Prognóstico. Consiste em premissas sobre a evolução da doença, bem como dos resultados do tratamento. Prognose é termo de melhor formação, também usável em lugar de prognóstico.

Bibliografia. Conjunto de obras listadas, com numeração ou não, em referência ao estudo da doença. Em geral, indicam-se especificamente as que se referem às citações no texto, assinaladas por numerações correspondentes. No entanto, pode-se acrescentar em lista à parte um rol de obras recomendáveis para leituras ou consultas.

Comentários. Por vezes, aos estudos de uma doença, acrescentam-se notas de rodapé, complementações explicativas, acréscimos de informações, ou outro espaço destinado a observações subsidiárias relacionadas a qualquer aspecto da doença em estudo. Recomenda-se que se acrescentem aqui descrições de casos da doença testemunhados ou cuidados pelo próprio estudioso, mormente se for profissional de assistência ao doente. Com o progredir do tempo e com vários acréscimos cuidadosamente descritos tais anotações poderão configurar valioso acervo para o interessado.



Simônides Bacelar

Estudo em grupo - Simônides Bacelar

ESTUDOS EM GRUPO

O estudo em grupo pode ser útil quando bem planejado e, em nenhum caso deve ser improvisado (Michael Coéffé, especialista francês em métodos de estudo).

Saber estudar sozinho é condição indispensável a todos os estudantes, pois é uma situação em que se estabelece o próprio ritmo de estudo, identificam-se as próprias dúvidas, e o hábito de fazê-lo com independência de grupos, já que essa habilidade tem muito valor em situações de competitividade. Em outros termos, pode ser questionado o estudo em grupo quando seus membros vão se submeter a um mesmo concurso público, por exemplo.

Algumas desvantagens do estudo em grupo consistem em possibilidades de adquirir informações equívocas, descumprimentos das normas do grupo, alguns membros podem se beneficiar dos esforços dos outros sem oferecer correspondência equitativa (Neiva).

Contudo, equipes ou grupos de estudo são muito úteis e amplamente usados. As vantagens mais importantes são o compartilhamento de informações com menor tempo e esforço se fossem obtidas individualmente, estabelece compromisso de estudo diante dos outros membros do grupo, facilita a elaboração de textos dissertativos (Neiva). Muitas vezes podem substituir cursos particulares. O número de membros determina sua natureza; podem ser constituídos de dois ou três membros a dezenas e mesmo centenas. Formam-se pequenos grupos de colegas para se dedicarem a matérias escolares ou disciplinas universitárias ou realizar trabalhos científicos, preparar eventos científicos em forma de comissões organizadoras. Podem ser maiores para formação de conselhos, de assembléias para diversos tipos de estudos e muitas outras modalidades. De modo geral, por exemplo, uma aula pode ser transformada em um estudo grupal. Reuniões científicas de unidades hospitalares são formas produtivas de estudos coletivos, frequentemente efetuadas como período laboral. Estudos grupais entre amigos e colegas trazem algumas vantagens de nota. A linguagem informal entre os componentes do grupo pode ser mais facilmente en­­tendida do que a formal usada pelo professor e, ainda, o cansaço pode ser sobrelevado pelo estímulo de ver os colegas em atividade (EPTV.COM). Por isso, o encontro pode ajudar na compreensão da disciplina. Alguns passos amplamente usados podem ser instituídos para tornar eficientes esses tipos de estudo:

Estabelecer metas. Em geral, estudar um tema ou fazer exercícios em certo período de tempo preestabelecido pode ser mais eficiente. O estudo de vários temas em tempo prolongado pode ser causa de confundimentos e fadiga. São fatores que pode provocar reações desfavoráveis dos membros do grupo.

Planilha. Pode ser muito proveitoso fazer previamente uma lista de assuntos a estudar de modo sequencial, e esta poderá ser distribuída entre os membros do grupo. Acrescentar à planilha uma frase de utilidade prática em alusão ao tema a estudar também pode ser muito sugestiva para os membros de estudo.

Atas. A escrituração dos temas abordados de conclusões, de planos e outros detalhes pode ser útil, sobretudo, para que haja algum tipo de continuidade dos estudos e das ações programadas. Em muitos casos, as atas são transformadas em documentos.

Estudo prévio. Pode ser atitude vantajosa ir estudar em grupo com noções sobre o assunto a abordar. Importam aqui estudos conhecidos e experimentados por um ou todos os membros que possam ser explanados ao grupo e favorecer a todos que dele participam. É uma atitude justa de intercâmbio de conhecimentos, pois um ou mais membros manterem-se apenas como receptores de conhecimentos pode ocasionar desestímulos nos membros mais contributivos.

Anotações prévias. São úteis para discussões no grupo e complementações de estudo.

Local de estudos. É o básico ideal uma sala apropriada e uma mesa ampla em que todos do grupo possam estar de frente um do outro e conversar e emitir idéias descontraidamente. Nem sempre uma biblioteca é o bom lugar de estudo, a menos que esta disponha de ambiente isolado para grupos. Pode ser que um local apropriado localizado no próprio ambiente de trabalho ou de estudo propicie mais facilidades de consultas a um especialista ou a um professor respectivamente. Seria interessante que em todos os estabelecimentos de ensino houvesse locais próprios para que os alunos se reunissem para estudar e contassem com orientadores pedagógicos e professores que os ajudassem. As mesmas facilidades poderiam ocorrer no âmbito do trabalho profissional.

Frequência de encontros. É preciso contar com um cronograma bem organizado. Estimula-se habitualmente a manutenção de uma reunião por semana como programação ideal. A data dos encontros deve ser acordada com todos. Formar um grupo coeso e constante demanda muito tempo. Além disso, fazer um grupo de estudos para resolver situações esporádicas, como em casos de maratona de provas, pode resultar em incompatibilidade e inconstância entre os membros.

Tamanho do grupo. O estudo em conjunto estimula as pessoas a lidar com valores humanos e respeitar o espaço do próximo e propicia treinamento para o trabalho em grupo, fato importante para o bom desempenho no ambiente de trabalho (Canal vestibular). Convém saber que grupos com mais de cinco participantes exigem elaborações de funcionamento mais complexas para seu efetivo controle e concentração.

Tempo de reunião. Importa acertar previamente o tempo de duração dos estudos. Em geral, reuniões com mais de três horas estimulam dispersões (EPTV.COM). Conversas à parte, telefonemas, saídas ao banheiro e para outras finalidades, sono incontrolável e outras reações são resultados, não raro, de tempo espichado apesar da importância do tema ou da excelência em que é apresentado.

Seleção de membros. Nem sempre um bom colega ou um velho amigo pode se contar num grupo de estudos. Este deve ser formado com pessoas disciplinadas e compenetradas em matéria de estudos. Um membro desinteressado ou pouco organizado pode deitar a perder os estudos programados (EPTV.COM).

Distribuição de tarefas. Em muitos casos de grupos de estudos, pode ser muito proveitoso determinar funções especiais a cada um dos membros, como coordenador, secretário, tesoureiro, relator ou redator, consultor em áreas especializadas e outros casos. Um coordenador pode ser útil para manter a reunião focada no tema em estudo.

Material de estudo. Dispor de livros, cadernos, blocos de nota, computador com internete é muito útil para anotar ou desfazer dúvidas em pesquisas. Telefones são também usados para esse mister. Tornou-se comum dispor de computadores portáteis em reuniões de estudos.

Ordem de falas. Em grupos de estudos, convém determinar a ordem das falas ou de leituras para evitar que se fale ao mesmo tempo. Essa organização permite que todos se expressem ou leiam as partes interessantes ao estudo. Podem-se reservar textos distribuídos para leitura entre os participantes, e sua ordem pode ser previamente determinada por um coordenador.

Grupos virtuais. Podem ser formados grupos de estudos cujos membros se encontram em locais distantes um do outro. Os recursos da internete têm sido amplamente usados na formação de grupos dessa natureza. Estes são frequentemente compostos de centenas de componentes, não raramente espalhados por todo o globo terrestre. Têm sido formas muito eficientes de estudos, que contam com a facilidade de arquivamento de textos, artigos, fotografias, vídeos e similares.

Palestras. Em certas reuniões, pode ser proveitoso que um ou mais dos membros de estudo faça uma palestra sobre o tema em estudo com uso de datashow e outras formas de apresentações.

Evitar. Discussões que levem a agressividade. Em caso de dúvidas, anotar e procurar esclarecimentos de outras fontes, cujas respostas serão apresentadas na próxima reunião. A presença de especialistas e autoridades é bem-vida, pois quando as dúvidas forem grandes e as proposições forem questionáveis tais pessoas poderão estabelecer conclusões de valor. Importa evitar desvios do tema, discursos prolongados, dados inverídicos, atitudes dominadoras, comentários inoportunos sobre outro ou outros membros.

Considerações finais. Este texto se refere unicamente a grupos que se reúnem para efetivação e aplicação de estudos. Outras formas de grupos do âmbito administrativo, executivo e similares apresentam natureza diferente dos grupos de estudos, pois nestes as finalidades são adquirir e aplicar conhecimentos. Não se refere a planejamentos e realização de atividades laborais de cunho profissional, em que atuam as disposições legais e jurídicas pertinentes.

Referências

Wendel, Fernanda. Estudar: qual é o segredo? São Paulo: Ática, 2008. p. 75

EPTV.COM. Confira dicas para tirar o maior proveito do estudo em grupo. http://eptv.globo.com/educacao/educacao_interna.aspx?271768, consulta em 5 nov 2010.
Canal Vestibular. Dicas: estudo em grupo. http://www.vestibular.brasilescola.com/dicas/estudo-grupo.htm, consulta em 6 nov 2010.
Neiva, Rogério. Vale a pena estudar em grupo? http://blog.tuctor.com/duvida-do-candidato/como-passar-concursos-publicos-exame-oab-91, consulta em 6 nov 2010.